Introdução
O ano de 1929 pode ser considerado o marco de uma
das maiores crises da história do capitalismo. Foi o ano em que os Estados
Unidos foram abalados por uma grave crise econômica que repercutiu no mundo
inteiro.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918),os
Estados Unidos, foram os principais fornecedores dos países europeus,
exportando grandes quantidades de produtos industrializados, alimentos e
capitais (sob a forma de empréstimos).
No pós-guerra, os Estados Unidos, tornaram-se a
maior potência econômica do mundo. Em 1920, a indústria norte-americana
produzia quase 50% de toda a produção industrial do mundo. Por quase toda a
década de 20, a prosperidade econômica gerou nos norte-americanos um clima de
grande euforia e de consumo desenfreado, gerando o modo de vida americano
(American way of life), como modelo de progresso. Viver bem significava
consumir cada vez mais.
Porém, no final da década de 20, a produção
norte-americana atingiu um ritmo de crescimento muito maior do que a demanda
por seus produtos, gerando uma crise
de superprodução.
Em 1929, os Estados Unidos conheceram uma profunda
crise econômica, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, que gerou uma
grave crise interna, um alto índice de desemprego e que acabou afetando
vários países do mundo.
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Causas
Até por volta de 1925, os países europeus lutavam
com dificuldades para reconstruir a Europa, arrasada pela guerra. À medida
que a reconstrução da Europa foi se reorganizando, Inglaterra, Alemanha e
França procuraram atualizar seus parques industriais e tomaram uma série de
medidas protecionistas para reduzir as importações norte-americanas.
Ao se aproximar o ano de 1929, os Estados Unidos produziam
uma enorme quantidade de mercadorias para as quais não existiam compradores.
Os preços das mercadorias despencavam e mesmo assim, não encontravam
consumidores. A queda no comércio interno ocorreu porque os trabalhadores,
que eram boa parte da população, recebiam baixos salários e não tinham
recursos para comprar muitos produtos.
Os industriais perceberam então, a necessidade de
reduzir o ritmo da produção. Para isso precisavam demitir milhões
de trabalhadores. No decorrer da crise, o número de desempregados nos Estados
Unidos atingiu mais de 15 milhões de pessoas.
A agricultura também enfrentava dificuldades devido
à superprodução. Os fazendeiros norte-americanos foram obrigados a pagar
altas taxas para armazenar seus produtos agrícolas e para evitar a queda do
preço dos alimentos, no mercado interno. Mas, a simples existência desses
estoques provocou o barateamento dos gêneros de primeira necessidade. Muitos
fazendeiros endividados junto aos bancos, foram obrigados a entregar-lhes
suas propriedades em pagamentos da dívida.
A superprodução provocada pelo subconsumo, a queda
geral dos preços e a especulação geraram uma crise sem precedentes: a quebra
da Bolsa de Valores, foi o início da Grande
Depressão.
O governo procurava manter a ilusão de que tudo ia
bem para, com isso, criar novas oportunidades de negócios fáceis. Membros do
governo, políticos e outras pessoas influentes, através dos jornais e rádio,
mantinham a imagem de prosperidade. As manifestações dos desempregados e as
greves por melhores salários eram reprimidas com violência.
A Crise
A crise atingiu o mercado de ações e em 24 de
outubro de 1929, a "quinta-feira negra" ocorreu o crack
("quebra") da Bolsa de Valores de Nova York.
Era na Bolsa de Valores que as grandes empresas
americanas negociavam suas ações. Com a crise, muitas empresas foram à
falência e o valor das ações na Bolsa caiu assustadoramente de um dia para
outro.
A desvalorização refletia a estagnação do parque
industrial norte-americano, cujas empresas faliam cada vez mais. Bancos
faliram e milhões de trabalhadores americanos perderam seus empregos.
A quebra da Bolsa de Valores de Nova York repercutiu
na maioria dos países capitalistas.
Muitas pessoas perderam grandes somas de dinheiro
com isso. Houve pânico, desespero, tendo ocorrido até mesmo numerosos casos
de suicídio.
O desemprego aumentou em todo o país: a miséria
atingiu grande parte da população, pois a economia como um todo ficou
profundamente desorganizada. Com a crise em 1929 e 1932, a produção
industrial americana foi reduzida em 54%. Os 13 milhões de desempregados, em
outubro de 1933, representavam 27% da população economicamente ativa no país.
A Crise no Mundo
A quebra da Bolsa de Valores de Nova York repercutiu
na maioria dos países capitalistas. No período de 1929 a 1933, o comércio
internacional teve uma redução de 25% e a produção industrial teve uma
queda de aproximadamente 39%.
Na Europa, os americanos retiraram o dinheiro
emprestado, provocando; falências em bancos; falências em empresas; aumento
do número de desempregados.
Na América Latina, a repercussão da crise foi muito
grande, pois os países forneciam basicamente produtos agrícolas e
matérias-primas aos Estados Unidos. Com a crise, os Estados Unidos reduziram
ou cortaram as compras que faziam desses países. Com menos dinheiro, os
países latino-americanos deixaram de investir, gerando com isso desemprego e
miséria.
O Brasil também foi afetado pela crise de 1929. O
Café era o principal produto de exportação brasileiro, e os Estados Unidos, o
nosso principal comprador. Por causa da crise, os Estados Unidos diminuíram
suas compras de café, provocando o aumento dos estoques do produto no Brasil.
A Grande Depressão só não atingiu a União
Soviética, que, isolada pelos países do Ocidente após a Revolução Socialista
de 1917, tinha um comércio insignificante com os países capitalistas.
O New Deal
Para reverter a crise, o democrata
Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), eleito presidente dos Estados Unidos
em 1932, adotou uma série de medidas sócio-econômicas para recuperar a
economia norte-americana. A nova política econômica ficou conhecida
como New Deal.
O New Deal (Novo Acordo), foi inspirado nas idéias
do economista inglês John Keynes (1883-1946). O New Deal era um programa
misto que procurava conciliar as leis de mercado e respeito pela iniciativa
privada com a intervenção do Estado em vários setores da economia.
O Estado passou a intervir fortemente na economia, a
solução foi abandonar o liberalismo econômico, começava uma nova fase do
capitalismo, chamado capitalismo monopolista de Estado.
Principais medidas socioeconômicas adotadas pelo New
Deal:
Controle, pelo governo, dos preços de diversos
produtos agrícolas e industriais; auxílio à indústria e controle de produção;
empréstimos aos fazendeiros arruinados, para pagarem suas dívidas; execução
de grandes obras públicas, para ocupar parte dos desempregados;
salário-desemprego, para aliviar a situação de miséria dos desempregados.
Pacto de reconstrução da indústria, realização de um
acordo social pelo qual se garantiam os interesses dos industriais (limitação
dos preços e da produção às exigências do mercado) e aos trabalhadores
(fixação de salários mínimos, limitação das jornadas de trabalho).
Conclusão
A política do New Deal não alcançou todo o sucesso
esperado. Mas conseguiu dar uma controlada no lado mais terrível da crise
econômica que gerava fortes conflitos sociais.
Com essas e outras medidas, a economia começou a
recuperar-se. No entanto, somente a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
criaria as condições para um novo impulso econômico dos Estados Unidos, pois
a produção de armamentos aumentou o número de empregados e possibilitou
grandes lucros às empresas.
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Bibliografia
NÉRE, Jacques. História Contemporânea.
2ªed. São Paulo: DIFEL, 1981.
BRENER, Jayme. 1929: a crise que mudou o
mundo. 1ªed. São Paulo: Ática, Coleção Retrospectiva do Século XX, 1996.
NEVINS, Allan e COMMAGER,
Steele H. Breve História dos Estados Unidos. São Paulo: Alfa-Omega, 1986.
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