Avaliação do desempenho e outras práticas de Gestão de Recursos Humanos

Introdução

Face às exigências das sociedades modernas, as organizações desenvolvem Esforços para aumentar a sua performance, através de práticas de Gestão estratégica de recursos humanos. As pessoas passam a ser um Ativo crucial e diferenciador nas organizações.

Com este trabalho, pretendo realçar a importância da avaliação de desempenho nas práticas de gestão de recusos humanos.
Nomeadamente no quadro da aplicação do modelo de gestão eAvaliação do desempenho. Acreditamos que é imperativo refletir sobreAs políticas estratégicas que governam as organizações.
A gestão de recursos humanos é, em geral, aceite como um temaCentral no estudo das organizações. Todavia, o conhecimento disponível Acerca da influência das boas ou más práticas de gestão
De recursos humanos sobre produtividade e eficácia organizacionalÉ muito escasso.





















A Avaliação do Desempenho

Entre o conjunto de instrumentos da gestão de recursos humanos, os sistemas de gestão de desempenho ocupam um lugar central, porque permitem validar os sistemas de recrutamento e seleção utilizados pelas organizações, bem como a medição do contributo individual para o
Alcance dos seus objetivos estratégicos.

Gerir o desempenho significa, portanto, acautelar o ‘sucesso estratégico sustentado da organização, não só através da melhoria dos comportamentos dos seus membros, mas também da melhoria dos aspectos organizativos, tecnológicos e processuais’

A preocupação com a avaliação do desempenho surge, nos anos1960, com as organizações de gestão privada, no contexto das alterações em que desenvolviam a suas atividades e que causavam uma quebra na rentabilidade do capital investido.

Na avaliação de desempenho, a classificação de serviço foi introduzida pelo Decreto Regulamentar n.º 44-A/83, de 1 de junho, materializado pelas fichas de notação de serviço, sistema que vigorou até2004.

O modelo de classificação dos funcionários, adotado a partir de 1983,foi, ao longo da sua existência, objeto de grande controvérsia. Acusado de falta de rigor e fiabilidade perante os resultados obtidos, foi alvo de descrédito no meio interno e externo às organizações.

Como causas, apontam-se alguns vícios potenciados pelo próprio modelo ou pela máinterpretação e aplicação do mesmo. O certo é que o processo estava envolto numa carga de subjetividade e de enviesamento dos resultados das classificações (Vaz 2004).




Comprometimento do Indivíduo com a Organização

As relações entre os colaboradores e as organizações, no contexto das teorias organizacionais, sempre foram uma fonte de inspiração para académicos e investigadores, mais, ainda, quando emerge a corrente que preconiza a tese que defende o capital humano como recurso crítico,um diferencial competitivo para o sucesso organizacional. ThomasWatson, lendário comandante que elevou a IBM a uma das maiores corporações do mundo, evidência bem a unicidade do factor humano nas organizações quando afirmou: ‘Acabem com meus recursos financeiros,
acabem com prédios, retirem minha tecnologia, acabem com tudo mas deixem as pessoas em quem eu investi, com quem trabalho, porque reconstruirei meu império outra vez’.
De acordo com Nascimento, Lopes e Salgueiro (2008), o conceito de comprometimento organizacional tem vindo a assumir um papel diferenciador na explanação dos diversos tipos de relacionamento e vínculoque se estabelecem entre os colaboradores e as organizações. Segundo
os autores, muito embora não haja grande consenso quanto à sua definição,é possível, de entre os diferentes conceitos existentes na literatura,evidenciar três grandes categorias, no que concerne à sua natureza:

(1) aquelas que consideram uma orientação afetiva;
 (2) as que são baseadasem custos;
 (3) as que defendem uma responsabilidade moral porparte do indivíduo em relação à organização.

No âmbito do nosso trabalho, observamos, particularmente, o aspetoque as diversas definições apresentam em comum, ‘uma ligaçãopsicológica entre o indivíduo e a organização’ (Nascimento et al. 2008:116) que, segundo Meyer e Herscovich (2001), citados por Nascimento
et al. (2008: 116)), ‘(a) é uma força estabilizadora ou facilitadora que (b)dá direção ao comportamento.Tendencialmente, os indivíduos mais comprometidos com as organizações  têm maior probabilidade de ‘permanecerem na organização ede se empenharem na realização do seu trabalho e no alcance dos objetivosorganizacionais’ (Rego 2002a: 210). Esta corrente preconiza que,o comprometimento dos colaboradores induz efeitos positivos para asorganizações como a resiliência, a lealdade ou atos de boa cidadaniaorganizacional.

Também Buonocore (2010) refere que estudos mais recentes sobrea contingência organizacional têm-se focado, essencialmente, nadimensão afetiva do compromisso, pois, de acordo com os autores, éo construto mais consistente e preditor do vínculo psicológico entre oindivíduo e a organização, que pode influenciar os comportamentos detrabalho, tais como a participação, retenção, comportamentos de cidadaniaorganizacional e desempenho no trabalho (Meyer, Becker e VanDick 2006, citado por Buonocore 2010).


Sistema de Recompensas

A partir da década de 1970, as escolas de gestão perceberam que os resultadosda organização poderiam ser significativamente mais elevados se(1) os seus Recursos Humanos (RH) partilhassem e alinhassem os seusobjetivos com os objetivos da própria organização; e (2) se a organizaçãodispusesse de um sistema de recompensas, justo para os colaboradores,onde, reconhecido o esforço do seu trabalho, fossem compensados pelocontributo para o sucesso dos resultados da organização.

Os principais objetivos de um sistema de recompensas são: (1) oreforço da motivação dos Colaboradores e (2) a sua identificação com oprojeto da organização. Deste modo, compreendese que tais sistemas constituam um elemento de gestão estratégica de recursos humanos (Camara et al. 2007; Gomes et al. 2008).

Nem todos os colaboradores valorizam as recompensas atribuídasde igual modo. Se, para alguns, os bens tangíveis são mais importantes, outros há que atribuem maior importância a retribuições emocionais.

As organizações devem ser sensíveis aos perfis de necessidades e interessesdos seus colaboradores, pois são distintos entre si. Logo, éexpectável que também assumam comportamentos diferentes face aosestímulos de recompensa (Gomes et al. 2008).

Práticas de Gestão de Recursos Humanos

É peranteum novo quadro organizacional de mutabilidade e modelos assentes no capital humano e seu conhecimento que hoje está a base da criação de riqueza e da competitividade.

O desafio reside, assim, em saber fazer a gestão do conhecimento existente na organização, isto é, através de processos de criação, armazenamento, partilha e distribuição

do mesmo, criar a conjuntura favorável ao desenvolvimento do capital intelectual dos colaboradores (Santos, 2004).
É perante todas as modificações que o sector organizacional sofreu ao longo do tempo, que também as suas prioridades se foramalterando, p
assando agora as pessoas a ser o recurso central de qualquer organização, como referido anteriormente.

Desta forma, também a própria denominação dos Recursos Humanos foisofrendo alterações: desde Organização de Pessoal, a Direcção de Pessoal, Direcção de Assuntos Sociais, Direcção de Desenvolvimento Social, Direcção de Relações Humanas, Relações Industriais ou, Administração de Pessoal (Sikula, 1976; Yoder & Heneman, 1977; French, 1983; Deguy, 1989; Heneman et al., 1989; Dessler, 1991, citado por Padial, 2005), considerando hoje mais vulgarmente encontrada na literatura, Gestão de Recursos Humanos.

Independentemente do nome atribuído, a sua operacionalização éconsensualmente defendida pela maioria dos autores, sendo a atribuição do nome algo modificávelconsoante a época histórica e cultural.Mas também a concepção de Gestão de Recursos Humanos sofreu uma evolução. O primeiro grande marco advém da Revolução Industrial, em que se passa de uma sociedade tradicional a uma sociedade moderna, sendo o marco seguinte a Segunda Revolução Industrial, entre finais do século XIX e inícios do século XX.

Assim, passa-se da perspectiva mais focada na produtividade, característica do Taylorismo, para a perspectiva f-se, também, Comportamento Humano (Rodríguez, 2000, pp. 317, citado por Padial, 2005), Direcção das Pessoas (Gasalla,1993, citado por Padial, 2005Gestão das Pessoas(Rodríguez & Dei, 2002, citado por Padial, 2005)até à designação  focada no colaborador. Esta mudança pode dever-se a diferentes factores, como a conjuntura social, Segundo Santos (2004), as pessoas são o aspecto-chave do sucesso das organizações do século XXI e, como tal, é fundamental apostar nas condições que mais e melhor fomentem as suas competências, em prol da organização. Isto passa por três passos fundamentais: primeiramente, o desenvolvimento do capital humano, isto é, a estimulação das competências individuais dos colaboradores, não só através de forma directa, como por exemplo, a formação, mas também através da flexibilidade, curiosidade e proactividade do próprio indivíduo; depois, o desenvolvimento do capital estrutural, ou seja, estabelecer estruturas internas que permitam a troca de conhecimento, a nível formal e informal, reforçando as redes relacionais dos colaboradores,se possível a nível vertical e horizontal; por último, mas
não menos importante, o desenvolvimento do capital relacional, uma vez que a permuta de conhecimento entre indivíduos de diversas organizações permitirá uma perspectiva mais abrangente e realista, tornando o conhecimento mais valioso e incentivando, assim, as imprescindíveis inovação e criatividade.

Claro que na base da implementação eficaz de Práticas de Gestão de Recursos Humanos, está a comunicação. Sem que haja uma transmissão fiel daquilo que é a estratégia global da empresa e, especificamente, da estratégia de Recursos Humanos, bem como a disponibilização de todas as ferramentas necessárias para ir ao encontro destes objectivos, tornar-se-ão menos visíveis os resultados pretendidos quer no que concerne àprodutividade da organização, quer às atitudes e comportamentos de trabalho dos colaboradores.

Satisfação Profissional

A Satisfação é um dos construtos que mais se tem estudado em contexto organizacional, nas últimas décadas, o que se deve à cada vez maior importância dada ao colaborador enquanto pessoa com necessidades, desejos e expectativas. Cabe, assim, aos responsáveis pelos Recursos Humanos das organizações garantir as condições que
Possam proporcionar satisfação aos seus colaboradores, no sentido de
se obter maior produtividade, eficácia, empenho e envolvimento, bem como diminuir situações de absentismo até contribuir para a boa reputação externa da organização (Spector, 1997).

A forma como a organização actua e cumpre com os seus objectivos é,assim, determinante para a satisfação dos colaboradores e nas consequências que dela poderão advir (Rogelberg, Allen, Shanock,
Scott & Shuffler, 2010).

De uma forma generalista, pode dizer-se que a Satisfação consiste no quanto gostamos do nosso emprego, emtodas as dimensões que este abarca. Sendo uma variável baseada numa atitude, a Satisfação era vista segundo uma perspectiva de necessidade de realizaçãodo colaborador, ou seja, da articulação entre as necessidades físicas e psicológicas do indivíduo. Hoje, a tendência passa pelo foco nos processos cognitivos em detrimento das necessidades de preenchimento anteriormente mencionadas.

Questionário de Práticas de Gestão de Recursos Humanos

O Questionário relativo às Práticas de Gestão de Recursos Humanos (
PGRH) foi elaborado por Esteves (2008), no âmbito de um projecto de investigação com vista aograu de Doutor em Gestão.

A sua utilização contempla, apenas, as variáveis estudadas no âmbito da presente investigação, levando a que três variáveis do Questionário (implicação15organizacional afectiva, exaustão emocional e comportamentos extra-papel) não se revelassem pertinentes para a presente investigação. Assim, o Questionário de Práticas de GRH é constituído por31 itens que incluem variáveis como a segurança no emprego, oportunidades de carreira, oportunidades de formação, avaliação de desempenho, práticas de remuneração, oportunidades de participação e acesso a informação, não tendo sido abordadas questões relativas às variáveis implicação organizacional afectiva esobre exaustão emocional, constituintes da segunda parte do questionário, bem como questões relativas a comportamentos de trabalho extra-papel, relativas a uma terceira e útil ao mesmo tempo em que as empresas estão preocupadas com a realização de suas metas e seus resultados, elas valorizam também o desenvolvimento profissional de seus colaboradores, conforme evidenciado na pesquisa, sendo o foco no desenvolvimento profissional o segundo mais praticado entre elas.

A avaliação de desempenho humano com foco no desenvolvimento profissional é visto, portanto, como capaz de conferir parâmetros às diversas ações em gestão de pessoas. Assim, este foco capacita para o desempenho no cargo, remunera-se com base nele, promove-se para cargos mais elevados, e seu grande desafio é saber elaborar os instrumentos adequados que sejam capazes de medir o grau de complexidade do trabalho com que os profissionais conseguem lidar e o conjunto de capacidades necessárias para a sua realização.

O terceiro foco praticado entre as empresas pesquisadas é o foco na análise comportamental, que tem como objetivo identificar nos profissionais comportamentos de liderança nos quais a empresa pretende investir e que traduzem os objetivos e valores da organização. Esses comportamentos são
observáveis no ambiente de trabalho e constituem um inventário de práticas de liderança, tornando-se,assim, a base dos instrumentos de avaliação e auto-avaliação utilizados no processo.

O último foco praticado por elas é o foco na aferição do potencial, utilizado para respaldar promoções, principalmente em níveis gerenciais. Geralmente neste tipo de avaliação os profissionais são avaliados por psicólogos em diversas variáveis como: comunicação oral, capacidade de decisão, iniciativa, entre outros. Pode ocorrer também, a partir deste tipo deavaliação, a empresa investir maciçamente em desenvolvimento e treinamento para profissionais que têmperfil para ocupar cargos-chave na estrutura hierárquica da empresa, conforme os ensinamentos de Hipólito e Reis (2002).

Complementando a questão apresentada acima, foi indagado quem planeja o desenvolvimento do avaliado, quando o foco da avaliação for no desenvolvimento profissional. Em 06 das 08 empresas pesquisadas é o próprio gestor; em duas delas, é o gestor, juntamente com o avaliado. É o papel dos gerentes atuando como coaches, dando apoio ao desenvolvimento e melhoria do desempenho.

O indivíduo na organização

Comprometimento do Indivíduo com a OrganizaçãoAs relações entre os colaboradores e as organizações, no contexto das teorias organizacionais, sempre foram uma fonte de inspiração para académicos e investigadores, mais, ainda, quando emerge a corrente que preconiza a tese que defende o capital humano como recurso críti-co, um diferencial competitivo para o sucesso organizacional. Thomas Watson, lendário comandante que elevou a IBM a uma das maiores corporações do mundo, evidência bem a unicidade do factor humano nas organizações quando afirmou: ‘Acabem com meus recursos financeiros, acabem com prédios, retirem minha tecnologia, acabem com tudo mas deixem as pessoas em quem eu investi, com quem trabalho, por- que reconstruirei meu império outra vez’.

De acordo com Nascimento, Lopes e Salgueiro (2008), o conceito de comprometimento organizacional tem vindo a assumir um papel dife-renciador na explanação dos diversos tipos de relacionamento e vínculo que se estabelecem entre os colaboradores e as organizações. Segundo os autores, muito embora não haja grande consenso quanto à sua definição, é possível, de entre os diferentes conceitos existentes na literatura, evidenciar três grandes categorias, no que concerne à sua natureza:

(1) aquelas que consideram uma orientação afetiva; (2) as que são base-adas em custos; (3) as que defendem uma responsabilidade moral por
parte do indivíduo em relação à organização.

No âmbito do nosso trabalho, observamos, particularmente, o aspecto que as diversas definições apresentam em comum, ‘uma ligação psicológica entre o indivíduo e a organização’ (Nascimento et al. 2008: 116) que, segundo Meyere Herscovich (2001), citados por Nascimento et al. (2008: 116)), ‘(a) é uma força estabilizadora ou facilitadora que (b) dá direcção ao comportamento’
































Considerações finais
Mais do que fazer um juízo de valor acerca do desempenho do colaborador, num determinado período temporal, com o objectivo de lhe atribuir uma classificação, premiando ou punindo a sua actuação, importa alinhar objectivos individuais com os objectivos organizacionais, definir objectivos comportamentais e promover um acompanhamento formal e informal, ao longo do período de avaliação, para eventuais correcções de desvios, assegurando-se que, deste modo, se optimiza o contributo do colaborador para o sucesso organizacional, recompensando-o pelos êxitos alcançados e proporcionando-lhe, ainda, oportunidades de desenvolvimento.

Avaliar o desempenho é mais que a atribuição de uma classificação no final de um ciclo de gestão. Avaliar o desempenho é, acima de tudo um processo humano. Sejamos coerentes! O problema não é instrumental é político.